Ir. Maurício Iñiguez de Herédia e 23 Companheiros
Testemunho de fé e de Misericórdia 1936/1937
S. João de Deus inspirou e fundou a Ordem Hospitaleira na Espanha, em Granada, no ano de 1539. Desde então, muitas coisas sucederam – acontecimentos, vicissitudes, positivos e negativos. Um dos aspetos positivos, em breve, foi ter chegado em boa forma até aos dias de hoje, 2013. Mas não faltaram também diversos pontos negativos, entre os quais destacamos: as leis de amortização, em Espanha – nos anos de 1798, 1835 e 1850 – e a Guerra Civil Espanhola, nos anos 1936-1939. Vamos deter-nos a analisar este último aspeto.
A Guerra Civil espanhola foi muito negativa por múltiplas razões, ou incongruências –políticas, económicas e sociais – e incompreensões, de parte a parte. Ninguém está isento de culpa. Dessas circunstâncias derivaram para a Ordem Hospitaleira de S. João de Deus a morte – por assassinato – de 95 dos seus Irmãos.
Quando rebentou a Guerra Civil generalizou-se num dos lados a perseguição religiosa. Os religiosos e o clero, em geral, foram condenados a ser aniquilados, massacrados, eliminados.
E, entre eles, contam-se os Irmãos de São João de Deus, que eram fáceis de localizar capturar, prender, deter.
Os Irmãos, pelo facto de serem religiosos hospitaleiros, optaram por permanecer junto dos doentes, pois era assim que cumpriam os seus compromissos vocacionais e o voto de cuidar dos doentes, mesmo pondo em risco a própria vida.
Os superiores tinham-lhes sugerido e dado a possibilidade de regressarem para junto dos seus familiares, se o desejassem. Mas todos optaram por cumprir o voto de Hospitalidade que haviam professado publicamente, comprometidos como estavam com o seu alcance e significado. E permaneceram nos seus lugares, cuidando dos doentes. Foi nessa posição que os encontraram. Prenderam- nos enquanto repartiam o jantar aos deficientes mentais em Ciempozuelos e Carabanchel Alto (Madrid), em Málaga e Sant Boi (Barcelona); enquanto prestavam assistência a crianças deficientes, paralíticas, com osteomielite, Mal de Pott, escoliose e raquitismo, em Madrid, Barcelona, Valência, Calafell, Tarragona, Manresa, Barcelona. Todos os Irmãos praticaram as virtudes teologais da fé, esperança e caridade, porque deram a própria vida, perdoando aos seus perseguidores e testemunhando a verdade do Evangelho.
Logo após a Guerra Civil Espanhola, a Ordem de São João de Deus apresentou-os à Igreja para que fossem iniciados os procedimentos em vista da sua eventual beatificação, como testemunhas credíveis de Deus e da Hospitalidade. Como ato de reconhecimento e gratidão pela sua coragem e pela heroica decisão de todos, e também para facilitar o trabalho, os 95 Irmãos foram divididos em dois grupos: o primeiro, de 71 mártires hospitaleiros do século XX, já beatificados pelo Papa João Paulo II, em 25 de outubro de 1992. Dos restantes
24 Irmãos mártires ocupar-nos-emos agora, aguardando a sua beatificação em 13 de outubro deste ano de 2013, em Tarragona. Todos estes 95 Irmãos hospitaleiros de S. João de Deus foram testemunhas e profetas da verdade, conscientes de que a vitória da verdade é sempre a caridade.
Oxalá que o sangue de tantos mártires, nossos e de outras instituições religiosas e eclesiais, que foram presos e assassinados com essas motivações – nunca se tratou de razões – possam incentivar a admiração por eles e, se Deus quiser, para estímulo, reconhecimento e, se possível, para nos unirmos e nos reconhecermos nas fileiras da generosidade hospitaleira de S. João de Deus.
HOSPITAL DE S. JOÃO DE DEUS DE MANRESA, BARCELONA
Destes 24 Irmãos, que temos vindo a apresentar e a admirar, vamos tentar fazer com que, de uma forma muito breve, os possamos conhecer e enaltecer. Dois desses Irmãos foram presos e mortos em Barcelona, mas pertenciam àquele que, então, era o pequeno Hospital de S. João de Dios de Manresa (Barcelona). Esse hospital tinha sido construído pouco antes, em 1932, graças a uma doação de Francisco de Paula March Muntada e ao entusiasmo do Irmão Provincial, o Beato Guilhermo Llop, quase no sopé da montanha e santuário-mosteiro de Montserrat. Destinava- se a prestar assistência a crianças com raquitismo, sequelas poliomielíticas, osteomielite, Mal de Pott e escoliose.
Irmão Maurício IÑIGUEZ HERÉDIA ALZOLA
Nasceu em Dallo, na província de Alava (País Basco), filho de Remígio e Gregória. Tendo enviuvado ainda jovem, Remígio deixou os seus dois filhos muito pequenos ao cuidado dos avós paternos e entrou para a Ordem Hospitaleira de S. João de Deus. Na idade adequada, Maurício seguiu os passos do seu pai na mesma Ordem Hospitaleira. O mesmo fez o seu irmão mais novo, do qual falaremos mais à frente. Trabalhou em várias Casas da Ordem e, em 1936, encontrava-se em Manresa, onde se ocupava da recolha de esmolas para a manutenção e os serviços do hospital. Depois de os Irmãos terem sido expulsos das instalações clínicas partiu para Barcelona, onde conhecia algumas famílias, ficando porém alojado numa pensão barata, na Calle Tallers. Permaneceu aí, juntamente com o Ir. Luis Beltrán, vivendo a vida de piedade como se estivessem na Comunidade. Acusados e presos na Praça da Universidade, perto da pensão, foram ambos fuzilados sem julgamento nem outra razão senão a de serem religiosos. O Irmão Maurício tinha então 59 anos de idade.
Irmão Luís Beltrán SOLA JIMENEZ
Nascido em Arnunarizqueta (Navarra), em 1899. Os seus pais chamavam-se Florêncio e Perpétua. Aos 14 anos de idade passou a viver em Tafalla (Navarra). Entrou para a Ordem em 1918. Desenvolveu as suas funções, atividades e tarefas em várias Casas da Ordem – a última das quais em Manresa (Barcelona). Foi um homem piedoso, trabalhador e discreto. Depois de os Irmãos terem sido expulsos do hospital, foi para Barcelona, com o Irmão Maurício Iñiguez, com o qual foi preso e morto a tiro. Tinha 37 anos de idade.
ASILO-HOSPITAL DE S. RAFAEL – MADRID
Construído na zona de Chamartin, em Madrid, enquanto ainda era vivo o Irmão S. Bento Menni, destinava-se a acolher crianças desamparadas e deficientes pobres. Dava assistência a 200 doentes em regime de internato e, além disso, tinha consultas externas de ambulatório com as mesmas especialidades do Hospital, sobretudo para pessoas das zonas rurais e pobres. Foi um hospital muito procurado pela FAI, CNT e UGT (Federación Anarquista Ibérica, Confederación Nacional del Trabajo, Unión General de Trabajadores). Os Irmãos foram expulsos e os doentes transferidos para outras instituições. O edifício foi destinado a prisão feminina, acabando por ser fechado, em meados de 1939.
Ir. Trinidad ANDRÉS LANAS
Nasceu a 7 de fevereiro de 1877, filho de Ramón e Isidra. Quando a guerra eclodiu, o Ir. Trinidad desempenhava no Asilo-hospital as funções de administrador e ecónomo. Expulsa a comunidade do centro hospitalar, em 25 de outubro de 1936, viveu em diferentes domicílios, em Madrid, e dado que dispunha de uma autorização de livre trânsito passada pelo Governo Basco, podia deslocar-se pela cidade com uma certa liberdade, conseguindo assim mais facilmente visitar e ajudar outros Irmãos da sua comunidade, tanto economicamente como no plano das relações fraternas e apoio. Isso foi possível até, aproximadamente, ao início fevereiro de 1937. Um dia, porém, já ninguém sabia dar notícias dele. Parece que foi fuzilado num solar que dava para uma rua, em 5 de fevereiro de 1937. Fazendo averiguações em diferentes repartições públicas, foi encontrada uma fotografia dele, já morto, na Direção de Segurança. E foi também identificado pela roupa que usava. Foi sepultado no cemitério do Leste, ou da Almudena, depois de ter permanecido insepulto até ao dia 14 desse mês.
SANATÓRIO DE CALAFELL – TARRAGONA
Foi fundado para servir de apoio, ampliamento e melhoria dos serviços do Asilo-Hospital de Barcelona, e prestava por isso os mesmos cuidados de saúde desse hospital-asilo da Cidade dos Condes (Barcelona). Foi inaugurado pelo Rei Afonso XIII, no ano de 1929, a 40 metros das águas do Mediterrâneo. Toda a Comunidade desta instituição foi assassinada exceto quatro Irmãos professos e quatro jovens noviços que os milicianos deixaram vivos para que se ocupassem dos doentes.
Irmão Matias MORIN RAMOS
É um dos quatro Irmãos professos a quem os milicianos pouparam a vida para que continuasse a cuidar dos doentes. Antes destes acontecimentos era responsável por um dos setores que acolhia crianças doentes. Tinha nascido em Salvatierra de Tormes (Salamanca). Os seus pais chamavam-se João e Prudência. Aos 13 anos estudava em Ciempozuelos (Madrid). Mobilizada a sua quinta divisão militar, o Exército Miliciano enviou-o como médico para Madrid. Quando tentou passar para o lado nacional foi capturado, preso e, confessando a sua pertença à Ordem de São João de Deus, ao ser fuzilado, proclamando: Viva Cristo Rei! Aconteceu no mês de agosto de 1937.
ASILO-HOSPITAL DE SÃO JOÃO DE DEUS, VALÊNCIA
Dois Irmãos que haviam sido enviados pelo Irmão S. Bento Menni para Valência, a fim de pedirem esmola e procuraram ajuda económica para melhorar as condições gerais e económicas do sanatório de Ciempozuelos, em Madrid, vendo os enviados a pobreza e a falta de cuidado em que se encontravam as crianças doentes, abandonadas pelas ruas, destinavam tudo aquilo que lhes davam a cuidar dessas crianças. Assim, não enviavam nada para Ciempozuelos. E relataram esta grave situação ao Irmão Bento que os autorizou a promover a construção de um hospital na cidade. Corria o ano de 1886. A perseguição republicana neste Centro contra os Irmãos durante a Guerra Civil Espanhola foi extremamente grave, humilhante, implacável e cruel. Exemplar foi a atitude assumida por toda a Comunidade. Onze Irmãos foram mortos a tiro por membros do Exército Republicano e pela Federação Anárquica Ibérica (FAI).
Irmão Leôncio ROSELL LABORIA
Nasceu em Barcelona, a 13 de dezembro de 1897, filho de Mariano e Rosa. Era Superior da Comunidade desde 1931. Soube manter um espírito muito elevado em todos os Irmãos da sua comunidade. Antes de ser fuzilado, disse aos Irmãos: Estou muito feliz por dar a vida pelo triunfo da religião e da Espanha. Foi morto dois meses antes dos restantes membros da sua Comunidade.
Irmão Cristóbal PÉREZ del BÁRRIO
Nasceu em Palência, a 25 de dezembro de 1864, filho de Francisco e Polónia. Era conhecido como um religioso hospitaleiro exemplar. Foi um dos religiosos que cuidaram do Ir. S. Bento Menni, em Dinan (França). Trabalhava no Hospital de Valência como responsável pela assistência noturna.
Irmão Leandro ALOY DOMÉNECH
Nasceu em Bétera (Valência), a 16 de novembro de 1872, filho de Mariano e Maria. Fez a profissão solene em 1903, tinha um profundo espírito de piedade e foi um bom hospitaleiro. Ao ver o comportamento violento dos invasores do hospital, costumava exclamar: Até quando, Senhor?! Quando foi fuzilado, tinha 64 anos de idade e 38 de vida religiosa.
Irmão Cruz IBÁÑEZ LÓPEZ
Nasceu em Sabiñán (Saragoça), a 3 de janeiro de 1886. Os seus pais trabalhavam e viviam no Hospital de N. S. da Graça, em Saragoça. Fez a profissão solene no dia 27 de maio de 1917. Era de caráter franco e aberto e, no início da ocupação do hospital, ganhou a confiança dos milicianos.
Irmão Jaime Óscar VALDÉS
Nasceu em La Havana (Cuba), no dia 15 de janeiro de 1891. Embora na posse de documentos que lhe permitiam regressar a Cuba, viu-se obrigado a interromper a viagem, quando estava para embarcar, em Barcelona, e foi fuzilado sem qualquer respeito por requisitos legais nem consideração pelo facto de ser estrangeiro.
Irmão Leopoldo FRANCISCO PIO
Nasceu em Caravaca (Múrcia), a 3 de agosto de 1877. Não conheceu os seus pais. Emitiu a profissão solene em 6 de maio de 1923. Adoentado, procurava servir religiosos e sacerdotes idosos doentes que residiam no claustro ou no dormitório dos Irmãos. Foi assassinado com os restantes membros da Comunidade de Irmãos.
Irmão Feliciano MARTINEZ GRANERO
Natural de Taberno (Almeria), nasceu a 23 de janeiro de 1863, filho de Miguel e Faustina. Emitiu a profissão solene em 3 de junho de 1928. Trabalhou sempre na procura de ajuda e esmolas para o Hospital de Valência. Nesse trabalho, percorreu as regiões de Valência, Aragão e País Basco. Foi um homem muito piedoso e um bom hospitaleiro.
Irmão Juan José ORAYEN AIZCORBE
Nasceu em Osacar (Navarra), no dia 11 de março de 1899, filho de Juan Bautista e Martina. Fez a sua profissão solene em 10 de maio de 1931. Distinguiu-se pela sua amabilidade. Os comunistas queriam salvá-lo, mas os elementos da Federação Anárquica Ibérica opuseram-se. Morreu, com 37 anos de idade, gritando: Viva Cristo Rei!
Irmão José Miguel PEÑARROYA DOLZ
Natural de Forcall (Castellon), nasceu a 3 de novembro de 1908, filho de Francisco e Rita. Fez a profissão simples em 1932. Com os republicanos presentes no hospital, dedicou-se a tarefas da cozinha merecendo o reconhecimento até mesmo dos guardiães militares. Caiu, fuzilado, aos 32 anos de idade, gritando: Viva a Mãe de Deus e viva Cristo Rei!
Irmão Públio FERNÁNDEZ GONZÁLEZ
Natural de Otero de las Dueñas, na província de Leão, entrou para a Ordem em 1933. Os seus pais chamavam-se Mariano e Maria. Fez a sua profissão simples no dia 8 de setembro de 1934. Trabalhador e de boa índole, conquistou a simpatia e o reconhecimento dos milicianos. Também neste caso, os comunistas queriam salvá-lo, mas os elementos da Federação Anárquica Ibérica opuseram-se. A sua morte foi profundamente sentida no ambiente hospitalar. Tinha 28 anos quando foi morto.
Irmão Avelino MARTINEZ de ARENZANA CANDELA
Nasceu em Barcelona, no ano de 1898, filho de Avelino e Teresa. Foi Irmão oblato. Muito simples por natureza, seguiu os outros membros da comunidade a caminho do martírio. Tinha 38 anos de idade e dois na Comunidade de Valência. A fé religiosa foi a marca mais saliente do seu caráter.
SANATÓRIO PSIQUIÁTRICO DE SÃO JOÃO DE DEUS – MÁLAGA
Este sanatório para doentes psíquicos foi uma das obras mais significativas dos Irmãos de S. João de Deus, em 1922, na cidade de Málaga. Era uma propriedade que tinha pertencido aos Marqueses de Herédia, com 53 hectares. Dispunha de um palácio, com um exuberante parque florestal, uma plantação de limoeiros e terreno para pomares e hortas. Até 1929, os edifícios foram ampliados para acolher um número maior de doentes.
Os comités revolucionários apareceram já por volta de 19 de julho de 1936. No dia 20, de manhã, efetuaram a primeira rusga do centro, sob o pretexto de encontrar armas, sendo essa a falsa motivação que apresentavam para justificar tais buscas. Os Irmãos, suspeitando ou pressupondo já o que estava para acontecer, dirigiram-se ao seu Superior e disseram-lhe: Irmão, nós permanecemos ao lado dos doentes. No dia 17 de agosto foi a data decisiva. Estavam a distribuir o jantar aos doentes quando foram presos e fuzilados contra as paredes do cemitério da cidade.
Irmão Silvestre PÉREZ LAGUNA
Nasceu em Villas del Campo (Soria), filho de Doroteu e Maria. Distinguiu-se pelas suas preocupações intelectuais. Foi Superior em diferentes Casas, especialmente no Chile, em 1922, onde dirigiu uma clínica psiquiátrica com 3.000 camas. Depois, em 1934, passou a prestar os seus serviços de saúde em Málaga. Foi fuzilado a 17 de agosto de 1936.
Irmão Baltasar CHARCO HORQUÉS
Nasceu em Granada, a 12 de novembro de 1887, filho de Juan Bautista e María de la Concepción. Desde muito cedo manifestara o desejo de ser Irmão Hospitaleiro e de se ver numa grande sala, no meio de muitos doentes. Entrou para a Ordem com 17 anos e prestou serviço em diferentes Casas-hospitais. Em julho de 1936, os comités da Frente Anárquica Ibérica prenderam-no enquanto estava a distribuir o jantar aos doentes. Quando o assassinaram tinha 48 anos de idade e 31 como Irmão de S. João de Deus.
Irmão Gumersindo SANZ SANZ
Nasceu em Almadrones (Guadalajara), no dia 1 de janeiro de 1878. Os seus pais chamavam-se Dionísio e Eusébia. Viveu nas Filipinas e, ao regressar, entrou para a Ordem. Em 1929 foi nomeado para o Centro de Málaga. Quando o levavam para o lugar do martírio disse aos milicianos: Vocês vão matar-me, mas eu vou rezar por vós. Prenderam-no enquanto estava a distribuir o jantar aos doentes.
Irmão Honório BALLESTEROS RODRIGUEZ
Nasceu em Ocaña (Toledo), em 29 de abril de 1895, filho de Marto e Juana. Aos 14 anos entrou para o Colégio apostólico da Ordem de S. João de Deus, em Ciempozuelos (Madrid). Foi destinado a trabalhar na Casa de Orates, no Chile, uma instituição com 3.000 doentes mentais. Publicou alguns estudos sobre eles. Foi condecorado no Chile com a Medalha de mérito, equivalente ao grau de Cavaleiro. Prenderam-no enquanto distribuía o jantar aos doentes.
Irmão Raimundo GARCÍA MORENO
Nasceu em Lucena (Córdoba), no ano de 1896, filho de Eduardo e Maria Araceli. Imediatamente após o serviço militar, entrou para a Ordem e fez a sua profissão solene em 1932. Trabalhou em várias Casas e, no início de 1936, foi destinado a Málaga. Ao convite da família, para que ficasse sob a proteção da sua família, respondeu: não posso abandonar os meus doentes; faço-lhes muita falta. Foi fuzilado junto das paredes do cemitério da cidade. Tinha 40 anos de idade.
Irmão Estanislau PEÑA OJEA
Natural de Talavera de la Reina (Toledo), nasceu em 1907, filho de Francisco e Jacinta. Entrou para a Ordem em 1924. Era considerado um jovem educado, fervoroso e cumpridor das tarefas hospitaleiras. Chegou à cidade de Málaga em pleno processo revolucionário. Perante esta situação, o Superior convidou-o a refugiar-se junto da sua família, mas ele respondeu: eu fico ao lado dos doentes, aconteça o que acontecer. Foi preso e fuzilado à hora do jantar com os doentes. Tinha 29 anos de idade.
Irmão Salustiano ALONSO ANTÓNIO
Nasceu em Torno (Cáceres), em 1876, filho de Gregório e Encarnação. Entrou para a Ordem aos 18 anos. Trabalhou em diferentes hospitais de S. João de Deus. Convidado pelos seus familiares a voltar para casa até que abrandassem os conflitos de guerra, respondeu: aconteça o que acontecer, fico muito grato a todos, mas prefiro permanecer no convento para que Deus disponha da minha vida; no entanto, fico muito grato pelos vossos sentimentos. Foi martirizado, como todos os Irmãos do Centro de S. João de Deus de Málaga, por elementos da Frente Anárquica Ibérica (FAI), junto ao cemitério da cidade, em 17 de agosto de 1936.
Irmão Segundo PASTOR GARCÍA
Natural de Mezquitillas (Soria), filho de Félix e Escolástica, nasceu a 29 de abril de 1885. Teve uma educação sadia e cristã. Dotado de uma índole gentil e amável, aos 15 anos matriculou-se na Escola Apostólica de Ciempozuelos (Madrid) e entrou para o Noviciado em Carabanchel Alto (Madrid), emitindo os votos simples em 20 de dezembro de 1903. Prosseguiu a sua formação profissional e religiosa como era tradição na Ordem e, trabalhou quase sempre como cozinheiro nos hospitais de Sant Boi de Llobregat (Barcelona), Valência, Palência, Ciempozuelos e, finalmente, em Málaga, onde conquistou a palma de mártir da Hospitalidade. Perante a sugestão de poder sair do sanatório, proposta pelo seu Superior, tendo em conta o que estava a acontecer em Málaga e no Centro, afirmou: “Eu fico ao lado dos doentes, aconteça o que acontecer, e quero ir ao encontro do mesmo destino dos restantes Irmãos”.
HOSPITAL PSIQUIÁTRICO DE S. JOÃO DE DEUS DE CIEMPOZUELOS, MADRID
Terminadas as chamadas Guerras Carlistas de 1876, Bento Menni e outros sete Irmãos chegaram a Madrid no primeiro dia de 1877, com a intenção de abrirem um Centro psiquiátrico na capital, ou nos arredores, pois tinham verificado a falta de cuidados de saúde e assistência aos doentes mentais. Em 1936, este sanatório psiquiátrico dava assistência a 1.100 doentes e outros tantos eram assistidos pelas Irmãs Hospitaleiras, fundadas ali mesmo, em Ciempozuelos (Madrid), por S. Bento Menni. Um outro lema de Bento Menni era: Caridade antiga, mas com meios modernos.
A Comunidade de Ciempozuelos assistiu ao assassinato de 24 Irmãos, em Paracuellos de Jarama, já beatificado pelo Papa João Paulo II, em Roma. Fazemos agora memória do Irmão Gaudêncio, sacrificado noutras circunstâncias, mas que pertenceu a esta comunidade de Ciempozuelos.
Irmão Gaudêncio IÑIGUEZ DE HERÉDIA ALZOLA
Era irmão do nosso Irmão mártir Maurício IÑIGUEZ DE HERÉDIA ALZOLA e filho do também Irmão de S. João de Deus, Remígio IÑIGUEZ DE HERÉDIA, que entrou para a Ordem depois de ter enviuvado ainda muito jovem.
Gaudêncio nasceu em Dallo, na província de Álava (País Basco). No dia 17 de maio de 1899, aos 17 anos, entrou para a Ordem Hospitaleira de S. João de Deus, em Ciempozuelos (Madrid), onde prosseguiu a sua formação profissional e religiosa. Fez a profissão solene no dia 12 de março de 1906. Prestou serviços assistenciais em diferentes Casas da Ordem e foi nomeado Superior dos Centros de Valência, Palência e Málaga. Desempenhou os cargos de Ecónomo do Asilo-Hospital de S. Rafael, em Madrid, e em Ciempozuelos. Foi preso e fuzilado, em Valdemoro (Madrid), quando se dirigia para a capital, enviado pelo seu Superior, a fim de pagar algumas dívidas contraídas por compras efetuadas para o Centro Psiquiátrico.