Pôr-me a recordar toda a minha trajetória vocacional é um momento de oração, de dar graças a Deus pelo caminho percorrido, mas também de "olhar de frente" os maus momentos – de solidão e escuridão, passando por algumas períodos que foram tão amargos que eu julgava não conseguir resistir, embora, afinal, tenham passado. É verdade que, com o passar do tempo, não renuncio aos momentos difíceis, porque eles me ensinaram muito e também porque já lá vão.

É também altura de rever o caminho percorrido, das vezes que julgava ter atingido o objetivo, ou pelo menos o meu lugar, para descobrir que, como disse o sábio, “quando encontras as respostas, apercebes-te que as perguntas foram alteradas"...

Tudo isto para dizer que a minha vocação é uma mudança constante, uma descoberta diária de mim mesmo, questionando-me sobre ela, procurando compreender e assumir, por mais que me custe, que se trata de um caminho e não de uma meta… Espero, um dia, poder desfrutar deste caminho, mas ainda continuo a caminhar, porque não posso fazer outra coisa, porque continuo a esperar chegar, ou, como diz um cântico (de Taizé, citando São João da Cruz): "De noite iremos e, para encontrar a fonte, só a sede nos ilumina”.