São João Grande nasceu em Carmona
(Sevilha, Espanha), em 1546. Foi um religioso de grande profundidade humana e de
alto perfil místico, considerado pioneiro da assistência entre os Irmãos de S.
João de Deus, um homem de Deus no qual o misticismo e a ciência se aliaram numa
harmonia perfeita, na linguagem simples do amor e da caridade. Viveu em tempos
difíceis, num período em que a distância entre os pobres e os ricos era
intransponível. João Grande tinha fundamentado toda a sua existência em Deus. Na
primeira fase da sua vida, viveu como um eremita em busca de Deus, na oração e na
solidão; mas era um eremita especial, atento aos sinais dos tempos. A sua vida
de oração e penitência nunca o distraiu da realidade, isolando-o do mundo; pelo
contrário, ele soube reconhecer as realidades de dor, sofrimento e
marginalização que prevaleciam no seu ambiente. Só as pessoas dotadas de uma profunda
espiritualidade e com uma sensibilidade particular são capazes de compreender
as necessidades reais e existenciais da vida. Podemos defini-lo como um
verdadeiro místico da hospitalidade; todas as novas obras de Deus têm a sua origem
num olhar místico sobre a realidade.
João, o Pecador, como se fazia
chamar, abandonou a experiência de vida eremítica para se ocupar dos pobres, dos
doentes, dos presos, dos mais marginalizados e dos incuráveis, numa época marcada
por carestias, epidemias e muita miséria. O seu temperamento espiritual forte e
a sua capacidade organizacional e empreendedora levaram-no a aceitar a tarefa
de reformar e reorganizar os serviços de saúde de Jerez de la
Frontera (Cádis, Espanha), assumindo uma posição firme contra os abusos
de poder e o desperdício de recursos provenientes de esmolas e de donativos a
favor dos hospitais.
A sua vida decorreu no apostolado
da caridade, na "administração" dos seus hospitais e em oração, até
se consumir no serviço: veio a ser contagiado pela peste, enquanto cuidava dos
doentes, em Jerez de la Frontera, e morreu com 54
anos de idade.
Foi beatificado pelo Papa Pio IX,
em 3 de novembro de 1853, e canonizado por João Paulo II, em 2 de junho de
1996.
Da Postulação Geral