Tive a honra e o insigne privilégio de partilhar fraternamente a vida dos Irmãos de São João de Deus durante os três belos anos que passei na Cúria Geral dos Irmãos, em Roma. Encontrando-me a residir na Cidade Eterna por razões de saúde e de estudos, fui recebido de braços abertos por uma bela e animada comunidade que me deixou à vontade sob todos os pontos de vista, considerando-me para todos os efeitos membro da Comunidade.

Se me pedissem para falar sobre essa experiência, começaria por dizer que os conhecimentos que tinha da Ordem, antes, eram muito limitados. Mas essa experiência de vida permitiu-me viver a partir de dentro o carisma muito nobre da hospitalidade e conquistou-me. Ao longo de uma vida ritmada pela oração e pela convivialidade, os Irmãos demonstram-se disponíveis para as solicitações da vida quotidiana, preocupados em perpetuar a obra de Cristo acolhedor e compassivo.

Pela sua abertura e sensibilidade em relação a qualquer pessoa, especialmente aos doentes e necessitados, os Irmãos de São João de Deus abrem o seu coração e oferecem todo o seu ser numa dinâmica de compaixão herdada do seu Santo fundador, perfeito continuador da opção preferencial de Cristo pelos pobres. Não posso dizer quantas pessoas eles acolheram e apoiaram durante a minha permanência na Cúria, e menos ainda ao longo dos séculos passados, mas de uma coisa estou certo: eles acolheram mesmo anjos, pois viveram plenamente a recomendação do autor da carta aos Hebreus: "Não vos esqueçais da hospitalidade, pois, graças a ela, alguns, sem o saberem, hospedaram anjos" (Heb 13.2).