Nasci numa aldeia do interior de Portugal há mais de 100 anos, em 1913, de família pobre de bens materiais, mas rica de valores humanos e cristãos. Um dia fraturei um braço ao colher cerejas.

Aos 16 anos, aceitei o convite de um Irmão que divulgava a Ordem por ali, e cheguei ao Telhal, hospital psiquiátrico e casa de formação. Aos 18 professei e comecei estudos de enfermagem, simultâneos com o trabalho. Com 26 anos já vivia na nossa casa da Ilha da Madeira, onde fui Superior, de 1940 até 1946, administrando enormes carências durante a II Guerra Mundial.

Regressei ao continente e continuei a servir a Ordem como autoridade, inclusive como Superior Provincial de 1956 a 1965, um período de desenvolvimento da Província portuguesa, com a graça de Deus.

Desde 1965 sirvo no Brasil, primeiro no Rio de Janeiro e, desde 1969, em Itaipava-Petrópolis.

Vivi estes primeiros 100 anos da minha vida numa época boa, cheia de desafios assistenciais, que não nos deixavam parar. Ela foi fácil e difícil: fácil porque, quando a gente faz a nossa parte, Deus completa; difícil porque onde há pessoas há dificuldades.

Hoje minha missão é muito limitada pelas circunstâncias, mas sinto vontade de chegar ao fim com algumas certezas que  sempre me acompanharam: não vimos à vida religiosa para ser enfermeiros, mas para ser santos; só Deus vale a pena na nossa vida; por Maria chegaremos a Jesus.

Aos Irmãos e Colaboradores que cuidam de mim, agradeço tantas atenções e aos mais novos recordo: passar por este mundo sem o ideal de Deus é coisa ruim.