Nos poucos anos de vida hospitaleira que tenho como Irmão na Família religiosa da Ordem Hospitaleira de São João de Deus, pude compreender o grande dom que é o carisma da hospitalidade no exercício da missão de Cristo na Igreja. A minha maneira de pensar sofreu uma mudança completa no que diz respeito a manifestar e praticar a hospitalidade. Compreendi que o carisma da hospitalidade vai muito para além de apenas acolher uma pessoa e fazê-la sentir confortável.

Durante o meu noviciado, fiz experiências de vida em diferentes comunidades. Nessas comunidades, observei o zelo com que os Irmãos procuram fazer todo o possível e certificar-se de que todas as pessoas que se dirigem aos seus centros sejam tratadas com a maior dignidade. Por outras palavras, eles não só veem alguém que está doente ou pobre e precisa de ajuda, mas reconhecem que essa pessoa é formada à imagem e semelhança de Deus, que está a sofrer. Em cada pessoa doente ou pobre, na sua dimensão humana, os Irmãos conseguem ver Cristo que sofre. Devido a isso, os Irmãos estão sempre prontos para escutar a sua voz, prestando-lhe assistência não se limitando à sua dimensão física, ou espiritual, mas garantindo-lhe um tratamento completo, abrangente, holístico: isto é, físico e espiritual. Além disso, o ambiente de hospitalidade nos centros também não é diferente. Mantendo o caráter religioso da casa, eles estão sempre preparados para atender com muita atenção quem aparece e paga uma consulta.

Chegando ao escolasticado, continuo a testemunhar o ambiente de alegria e de abertura na manifestação da hospitalidade. Observo que aqui, no centro de formação, são ditas muitas coisas sobre os Irmãos de São João de Deus. E não são aspetos negativos, mas positivos. A maioria dos alunos aprecia o espírito de abertura, humildade, acolhimento, alegria e muitos outros valores que os Irmãos apresentam nas aulas. E não são apenas os alunos a dizê-lo, mas também os professores. Todos reconhecem a singularidade do carisma da hospitalidade.

Em poucas palavras, foi um momento de alegria, um momento de me sentir em casa com os meus Irmãos, uma experiência de amor fraternal e de afeição uns pelos outros – apesar disso, no entanto, não faltaram também desafios que, na minha opinião, são parte integrante da nossa humanidade.