Para mim, a hospitalidade está no coração do evangelho. Trata-se da aceitação completa do outro. Sendo nós feitos à imagem de Deus, o que fazemos aos outros é ao próprio Deus que o fazemos. Hospitalidade significa uma entrega total de nós mesmos, sem olhar às consequências que possam derivar dela. Trata-se de carinho, amor, aceitação das pessoas. A hospitalidade não conhece limites e manifesta um amor que se estende a todos, independentemente das convicções religiosas, da cor, do sexo ou da etnia. Quando nos encontramos com uma outra pessoa damo-nos totalmente porque nesse encontro Deus está presente.

No meu trabalho na Casa Olallo, onde trabalhei nos últimos quatro anos, encontro-me com pessoas que foram feridas de muitas maneiras diferentes e acabaram por ter de viver nas ruas, algumas durante muitos anos. Quando chegam ao Centro Olallo, encontram-se profundamente vulneráveis: sem dinheiro, sujas, frequentemente alcoolizadas e sob a influência de drogas, separadas das suas famílias…

Muitas perderam tudo o que possuíam e algumas não têm acesso a qualquer forma de proteção social garantida pelo estado. É nessas situações que a prática da hospitalidade pode ser notavelmente desafiadora mas a hospitalidade pode emergir quando se tenta dar o melhor para pôr em prática a mensagem do Evangelho de Jesus Cristo, que nunca deixou de destacar a dignidade e o valor da pessoa humana.