Trabalho no hospício de Yanbian, na China, desde há 3 anos. Neste centro, nós ajudamos os doentes que estão na fase terminal da sua doença a viver os dias que lhes restam de vida sem dor e confortavelmente, num ambiente holístico. Comecei a encarar as alegrias e tristezas, assim como os altos e baixos da vida humana com novos olhos e aprendi o verdadeiro significado do amor, do sofrimento e do serviço.

A maioria dos doentes e as suas famílias consideram o hospício como um lugar onde as pessoas esperam por uma morte sem sentido. Nós ajudamo-los, proporcionando um ambiente acolhedor e aliviando as suas dores. Isso ajuda-os, quer psicológica quer espiritualmente. Temos um cuidado especial em ajudar os doentes a estabelecer e manter o contacto com os seus familiares, amigos e conhecidos que podem dar aos seus últimos dias mais significativo e torná-los dignos de serem vividos.

Recordo-me de um senhor, com 50 anos de idade, que estava a morrer de cancro nos ossos. Ele tinha uma filha que geria um negócio no estrangeiro, mas a sua família não a informou sobre a as condições de saúde do pai. Pedi-lhes com insistência que informassem a filha. Quando, finalmente, foi informada, ela regressou para cuidar do seu pai com carinho e ficou com ele até ao derradeiro momento da sua vida, segurando-lhe a mão no momento em que ele morreu serenamente. Mais tarde, a sua esposa agradeceu-me por ter insistido com a família para que a filha fosse informada sobre a morte iminente do seu pai.

Considero que a atmosfera hospitaleira do hospício me satisfaz e liberta para eu servir os doentes e as suas famílias, em todos os níveis.