João de Deus disse na sua Carta a Luís Baptista: "Vai-se aproximando o tempo de escolherdes um estado de vida. Se vierdes para aqui, tendes de oferecer algum fruto a Deus" (LB, 13).

Quando decidi dar um passo e escolhi viver como Irmão de S. João de Deus, senti dentro de mim a necessidade de viver a minha vida em benefício dos mais necessitados. À medida que os anos iam passando, a hospitalidade, vivida como uma escolha de fé, como espaço de acolhimento e dedicação aos mais vulneráveis, tornou-se numa força vital sem a qual agora me seria difícil viver.

A Hospitalidade permitiu-me alargar os laços de amizade, viver com uma visão mais ampla da sociedade, sentir-me Igreja percorrendo os caminhos do mundo, encarar o estrangeiro como um irmão, não fazer distinções com base na raça ou religião. Isto, porque, apesar das diferenças, no encontro com o outro é mais o que nos une do aquilo que nos separa.

Além disso, um outro aspeto que é estruturante para a minha existência e me impulsiona a fazer o caminho, é a vida em comunidade: ela faz-me conceber o mundo a partir de um forte sentido de fraternidade, justiça e igualdade. Utopia?! Talvez, mas, unido à fé e à confiança em Cristo ressuscitado, permite-me desfrutar todos os dias como uma novidade, na convicção de que é possível viver o Reino, aqui e agora, experimentando uma verdadeira felicidade.