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domenica 22 dicembre 2024 -  Imposta home -  Aggiungi preferiti
POR
Natal 2024
Carta Circular do Superior Geral

“O Verbo fez-se carne e habitou entre nós” (Jo 1,14).

 

Caríssimos Irmãos e toda a Família de São João de Deus,

 

O anúncio do Apóstolo surpreende-nos, pois algo de novo aconteceu na história: Deus quis envolver-se mais de perto com toda a humanidade, especialmente com as pessoas mais frágeis, que vivem com sofrimento e estão carenciadas, para a todos dar conforto e esperança. A sua linguagem de ternura, de amor gratuito e de misericórdia sem limites permitiu-lhe chegar a todos os homens, mesmo aos mais distantes, e com a sua iniciativa de amor supera todos os desejos.

 

As escolhas de Deus são sempre para nós uma surpresa. Ele, “Mistério escondido ao longo das gerações” (Cl 1,26), manifestou-se numa gruta ou num simples estábulo, porque não havia lugar para eles na hospedaria: assim nasceu no tempo o Rei dos reis, Verbo unigénito do Pai, Salvador do mundo. Reclinado numa manjedoura, sobre palha e junto de animais, foi um nascimento de emergência, o melhor possível, estando José e Maria longe de casa. Tiveram de sair de Nazaré, no norte da Palestina, e dirigir-se para o sul, para se irem recensear, cumprindo as ordens do imperador de Roma – esse, sim, grande e poderoso, que governava a partir de palácios ricos e luxuosos. José e Maria não tiveram sequer um lugar onde alojar em Belém, depois de enfrentarem uma viagem certamente desconfortável. Infelizmente, apesar de dois mil anos de história cristã, tanta violência, dor e indiferença que continuam a existir no mundo parecem prevalecer sobre a poderosa mensagem de salvação e amor que, com o seu nascimento, Deus nos confiou.

 

Caríssimos, a experiência de pobreza, humildade e doação que Jesus nos ensinou foi assumida pelo nosso Fundador, S. João de Deus, que ainda hoje nos convida a permanecer fiéis ao mandato de cuidar dos mais frágeis: as pessoas doentes, os pobres marginalizados, as pessoas carenciadas.

 

O modo de agir de Deus no Natal aponta-nos também o caminho que somos convidados a escolher e a percorrer com coragem; indica-nos claramente quais são os caminhos a seguir para darmos continuidade à obra de João de Deus, cuidando uns dos outros, assumindo a responsabilidade por cada pessoa que sofre e que se encontra em estado de necessidade.

Como disse no discurso de encerramento do LXX Capítulo Geral, Num mundo que está a mudar a uma velocidade sem precedentes, é essencial voltarmos à fonte do nosso compromisso. A mensagem do Evangelho e o exemplo do nosso fundador, S. João de Deus, convidam-nos a uma radicalidade audaz e a uma simplicidade radiosa”. Para isso, é necessário que nos apoiemos quotidianamente, vivendo uma vida espiritual autêntica, alimentada pela oração, pelo discernimento e pelo apoio fraterno. Juntos, façamos viver o espírito da nossa consagração batismal e religiosa, para que cada uma das nossas ações tenha a marca do amor da Palavra.

 

Oxalá o espírito do Santo Natal abra os nossos olhos e os nossos corações e lhes permita ver as novas formas de vulnerabilidade e de sofrimento, levando-nos a empreender ações eficazes, coerentes com o carisma de João de Deus. Não nos é permitido passar ao lado das pessoas; a nossa atenção deve centrar-se nas pessoas que vivem com problemas de saúde mental, nos mais marginalizados, nos sem-abrigo e naqueles que vivem a fase final da sua vida. Que a nossa assistência se distinga não só pela humanidade, mas também pela humildade e profundidade espiritual, no respeito pela dignidade e liberdade de cada pessoa. Juntos, Irmãos e Colaboradores leigos, o futuro da nossa Ordem dependerá da nossa capacidade de encarnar com coragem, respeito, inclusão e determinação os princípios e os valores da hospitalidade. Que o Espírito Santo nos ilumine e fortaleça, para que em cada ato da nossa missão resplandeçam o amor e a hospitalidade de Cristo.

 

Caríssimos, com este Natal, o Papa Francisco presidirá à abertura do Ano Santo Ordinário de 2025. Na Bula da sua proclamação – Spes non confundit (“a esperança não engana”, Rm 5,5) – o Santo Padre quer que a esperança seja a mensagem central do Jubileu. Também nós, como Família de João de Deus, queremos despertar e manter viva esta esperança cristã que brota do amor e do coração trespassado de Jesus, amor do qual São João de Deus hauria para ter olhos misericordiosos e dar esperança a todas as pessoas com quem se encontrava. Irmãos e Colaboradores, façamos com que a hospitalidade que partilhamos ilumine de esperança as nossas realidades caritativas e as torne fecundas para o bem.

 

Pessoalmente, e em nome do Governo Geral, desejo a toda a Família de São João de Deus e a quantos recebem assistência nos nossos Centros e às suas famílias um Feliz Natal e um Próspero Ano Jubilar de 2025!

 

 

Ir. Pascal Ahodegnon, O.H.

Superior Geral 
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