Ressuscitou! Alegrai-vos!
A todos os Irmãos e Colaboradores da Ordem,
Aos membros da Família Hospitaleira de S. João de Deus
Já próximos da Páscoa, desejo fazer chegar a toda a Família de São João de Deus e aos seus familiares, bem como às pessoas assistidas nos centros e serviços da Ordem, a minha saudação e os meus votos de Páscoa, com o auspício de que o Senhor ressuscitado todos encha de alegria e esperança. Feliz Páscoa da Ressurreição.
A alegria da Páscoa revoluciona e muda a nossa vida, libertando-a do pessimismo e da escuridão que tão frequentemente nos invadem. Trata-se da alegria que se baseia na Ressurreição de Cristo. Nele, é possível a esperança, porque Deus Pai ressuscitou-O, superando e vencendo o pecado, o sofrimento e a morte. Nenhuma destas realidades que obscurecem a nossa vida e nos fazem sofrer terá a última palavra, nenhuma delas tem poder sobre a vida que Cristo ressuscitado conquistou para todos e para sempre.
A nossa fé e a liturgia da Igreja convidam-nos durante o tempo pascal a viver intensamente a alegria da Ressurreição, que passa pela experiência do encontro com Cristo ressuscitado. Ressuscitou, não está aqui. São as palavras do anjo às mulheres que foram ao sepulcro com a tristeza própria de quem perdeu um ente querido e que rejubilaram ao ouvir essa mensagem à qual se seguiu o seu encontro com Cristo. Era verdade, Ele estava vivo! Essa foi também a experiência dos apóstolos e dos discípulos de Emaús, e a de tantas outras pessoas. Também nós podemos viver esta experiência, se tivermos a coragem de abrir o coração e os olhos da fé para O vermos e O sentirmos vivo entre nós.
É verdade que às vezes a realidade não facilita isso, pelo contrário, torna-o muito difícil, às vezes até ao extremo. Não é necessário enumerar a quantidade de situações dolorosas que produzem exclusão, sofrimento e morte no nosso mundo. Há apenas alguns dias, depois de termos celebrado com alegria a festa do nosso Fundador, S. João de Deus, no dia seguinte, assistimos à morte de um pai ainda jovem que, por razões que só Deus sabe, decidiu suicidar-se, deixando sozinhos o seu filho recém-nascido e a sua esposa. Este é apenas um exemplo entre os muitos casos que, de um ou outra forma, acontecem todos os dias. Mas, quanto sofrimento! Fiquei impressionado. Porquê, Senhor? Como podemos anunciar a alegria da vida e o amor de Deus, quando tudo isto acontece, quando vemos situações tão reais que já ninguém as estranha e deixam quase de nos afetar também a nós, porque as nossas vidas não podem suportar tanta dor e tanta violência?
Também é verdade que o próprio Cristo iveu esta mesma experiência. A fidelidade à sua missão e ao Pai, a audácia para não fraquejar nem se deixar comprar por nada nem ninguém que o desviasse do seu projeto, levou-o até à Cruz, à morte mais cruel. O seu exemplo foi seguido e continua a repetir-se nos dias de hoje, por muitos homens e mulheres, uns pela sua própria causa, outros por razões diversas, mas com o mesmo resultado. No entanto, mesmo perante tanto sofrimento, Deus ressuscitou o seu Filho. Por isso, e ainda que a vida nos leve às vezes até ao limite, e mesmo para além dele, como sucedeu com Cristo, também para todos os homens e mulheres a vida triunfará sobre a morte e terá a última palavra. É essa a decisão de Deus, nosso Pai, que a manifesta no seu primogénito, em Cristo, cuja Páscoa, cuja ressurreição celebramos e na qual somos chamados a participar.
Ide anunciar aos meus irmãos que partam para a Galileia. Lá me verão. Já outras vezes fiz uma reflexão sobre esta indicação dada por Jesus às mulheres. É algo fundamental. A alegria da Páscoa é a alegria do encontro com Cristo ressuscitado, já aqui na nossa vida. Foi na Galileia que Jesus começou a sua vida pública, a sua missão. Na nossa vida, na nossa família, no nosso hospital ou no local de trabalho, na nossa paróquia ou na nossa comunidade, onde se encontra a nossa Galileia particular. A partir daí cada um de nós é chamado a encontrar-se com Jesus ressuscitado e, com Ele, a percorrer o caminho da vida segundo o Evangelho, descobrindo e indicando os sinais da vida e da ressurreição; ajudando a superar os sinais e as realidades da morte e da escuridão que acontecem todos os dias, dando testemunho da nossa fé e da nossa experiência com Cristo vivo.
A hospitalidade é uma expressão da vida e do amor misericordioso de Deus, da ressurreição de Cristo. Através dela, todos os dias somos chamados a proclamar e a tornar visível a vida que Cristo ressuscitado nos traz, para possibilitar a experiência da Páscoa. Muitas vezes curando, outras acompanhando e consolando, outros rezando perante a impotência e implorando que Deus ampare a pessoa com as suas mãos e a encha com a vida e o seu amor, outras servindo e testemunhando a profecia da hospitalidade, sinal da vida que vence a morte. Oxalá que todos possamos viver esta experiência da vida que a hospitalidade evangélica proporciona, segundo o espírito de S. João de Deus.
Já terminaram praticamente todos os Capítulos provinciais – falta atualmente apenas o da Província Polaca, terá lugar em breve. Os Capítulos foram uma experiência de vida nova, que o Espírito do Senhor nos proporcionou. Diria que eles foram uma experiência de ressurreição, de abertura à vida e ao futuro da Ordem em cada Província. Oxalá que sejamos fiéis ao Senhor para que a Hospitalidade de S. João de Deus continue viva. No próximo ano celebraremos o Capítulo Geral, que será uma nova oportunidade para renovarmos e darmos nova vida à nossa amada Ordem e a toda a Família de São João de Deus, abrindo-nos ao futuro que o Espírito do Senhor nos pede. Teremos a possibilidade de viver e dar um sinal da vida que Cristo ressuscitado nos traz. Convido-vos a todos a rezar e a preparar-nos convenientemente a partir agora para este evento tão importante para a nossa Instituição.
Por parte do Governo Geral e da Família Hospitaleira de S. João de Deus Cúria Geral, feliz Páscoa da Ressurreição!
Ir. Jesús Etayo
Superior Geral